quinta-feira, 23 de junho de 2022

Dong, e o deus dos Marimbondos

 

Toda criatura tem a sua espécie e forma grupos de indivíduos que partilham de um mesmo meio social, seja homem, seja animal de qualquer espécie, os insetos também formam os seus grupos e partilham de suas crenças de insetos... Bem, esta é a história do marimbondo Dong.

Certa vez na comunidade de Dong faltou água, era preciso andar muito longe para encontrar água, pois não tinha nas redondezas. Estava muito difícil conseguir matar a sede por lá.

Dong e seu irmão de comunidade decidiram fazer uma varredura na região para ver se encontravam água para beber. Tão logo encontrassem, correriam a chamar todo o restante da comunidade de marimbondos para vir matar a sede.

Depois de muito voar, avistaram um objeto grande e branco, e, curiosos, os dois se aproximaram dele. Eles perceberam que aquele objeto tinha água em abundância. Desceram imediatamente. Era um tanque humano de lavar roupas, mas eles não sabiam nada sobre aquele objeto. Dong e seu irmão só queriam beber água e nada mais.

Dong e seu irmão, sedentos de água, começaram a beber a água que estava na borda do objeto, e Dong bebeu tanto, mas tanto, que acabou ficando com o corpo muito pesado, perdeu o equilíbrio e caiu na água. Desesperado, começou a gritar e a se debater na água:

- Irmão, me ajude! Eu estou me afogando! Me ajude a sair daqui! – e batia tanto suas asas que elas foram ficando muito fracas.

Por sua vez, o irmão olhava desesperado mas não sabia como ajudar Dong, e a água estava levando-o cada vez mais para o meio do tanque. Dong lembrou-se de pedir ajuda ao deus dos marimbondos. Seu pai o ensinou desde pequeno que os marimbondos tinham um deus protetor, então, Dong gritou:

- ONDE VOCÊ ESTÁ DEUS DOS MARIMBONDOS? VEM ME SOCORRER, PORQUE EU ESTOU ME AFOGANDO! AJUDE-ME, DEUS DOS MARIMBONDOS!

Aquela criatura já estava perdendo suas forças e sua vida dentro daquele tanque. Foi quando uma mulher se aproximou do tanque e viu aquele marimbondo se debatendo na água. A mulher se condoeu ao vê-lo se afogando, sentiu muita pena dele e colocou o seu dedo na água para que o marimbondo pudesse subir nele e se salvar. Quando Dong avistou o dedo da mulher se aproximando dele na água, pensou logo que fosse o deus dos marimbondos que havia atendido o seu pedido de socorro. Subiu imediatamente no dorso daquele deus dos marimbondos, e se deixou levar por ele. Dong foi colocado num lugar seco onde havia sol, e logo as suas asas enxugaram e ele começou a recuperar as suas forças. Seu irmão veio voando ao seu encontro, estava abismado e assombrado. Ele também não estava entendendo o que tinha acontecido, mas sabia que somente um ser poderoso poderia ter tirado Dong daquele objeto enorme, cheio de água. Somente um ser poderoso poderia ter salvado Dong.

Ao se recuperar Dong começou a relatar ao irmão o que tinha visto:

- Eu sei meu irmão, foi o deus dos marimbondos que me salvou! Eu o vi de perto! Eu o vi! - Dong estava eufórico, e seu irmão queria saber como era esse deus dos marimbondos, que forma ele tinha, porque ele não havia enxergado bem o salvamento de Dong, havia visto apenas uma grande sombra, pois sua visão estava turva pelo assombro de ver Dong se afogando e não poder fazer nada. Estava muito curioso para saber e perguntou ansioso:

- Diga Dong, como era ele de perto? Como é o deus dos marimbondos Dong? – perguntou para o irmão.

Dong o descreveu com a visão que teve daquele deus que o salvou:

- Bem irmão, eu nunca vi uma coisa igual! Aquele deus não tinha asas como nós, nem olhos, nem boca, eu nem sei como ele me ouviu! Porque eu não vi orelhas nele! Se parecia com uma lagarta, você já viu uma lagarta, certo irmão?

- Claro que já vi! – respondeu o irmão de Dong.

- Então, se parece com uma lagarta, ele é diferente de nós! Mas eu notei que em seu dorso tinha pequenos montes. Eu pensei que o deus dos marimbondos fosse como nós, marimbondo também! Só que um marimbondo gigante, entende? Mas não, o deus dos marimbondos não é um marimbondo! Eu preciso contar isso ao meu pai, ele vai ficar muito surpreso com o que eu descobri.

E os dois marimbondos voaram de volta para casa. Agora, Dong, em sua compreensão de marimbondo, tinha a sua visão de como era aquele deus que cuidava dos marimbondos.


Rozilda Euzebio Costa



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