sexta-feira, 28 de julho de 2023

O Menino

 


O menino tinha um sonho - queria ver o mar, mas quando seus olhos o mar alcançou, ele também viu um barco, e novamente o menino sonhou - e desejou ser marinheiro. E o tempo passou com suas estações, e o menino, um marinheiro se tornou. Agora já não era mais um menino, era um jovem ainda sonhador. De viagem em viagem, o jovem novas coisas contemplou. E num belo dia de sol, o jovem em terras estrangeiras, seu navio aportou. E lá, numa noite estrelada o jovem assistiu a um energético show. A linguagem do rock sua alma conquistou. Novamente, o jovem muito forte sonhou. Não quis mais ser marinheiro, a música o seu coração inteiro tomou. Agora, aquele jovem, uma guitarra desejou, e o seu navio, aos seus superiores entregou. Correu ao comércio mais próximo, e mais que depressa, a sua guitarra comprou. Porque sonho, minha gente, tem validade, se demora muito pra correr atrás dele, ele vence o prazo. O jovem aprendeu a tocar, e num excelente músico ele se transformou. Passou a tocar suas músicas e cantar como quem, seu verdadeiro trabalho encontrou... Mas até quando? Se todo homem é feito de sonhos que mudam o tempo inteiro?! Certamente o jovem guitarrista sonhará outros sonhos na sua vida de construtor. É isso! O homem é construtor a vida inteira. É o que lhe renova a vida e o torna um vencedor.

Rozilda Euzebio Costa

sábado, 8 de julho de 2023

Os Abandonados da Sociedade

 

Pelas bonitas e importantes ruas de flores,
perambulam fracos e mal vestidos senhores,
com sede e sem teto, sentindo fome e dores.
Sem esperança de futuro e sem amores,
das latas de lixo se tornam frequentes consumidores.

Que cena mais caótica de tanta tristeza!
Quanto abandono e quanta pobreza,
nos pobres a perambular entre os diamantes da nobreza,
diante dos olhos cegos das figuras da riqueza,
que não enxergam senão o que lhes dá prazer e proeza!

Anciãos de barbas brancas como o algodão,
deambulam de roupas velhas e sem ambição,
pedem aos transeuntes apenas um pouco de pão,
sob a luz do sol que brilha para todos em comunhão,
e dá seu exemplo de partilha sem fazer distinção.

Oh quinhão da vida, devorador de tantos desvalidos,
dos vultos viventes no mundo que são esquecidos,
amparados pelas árvores-mães adotivas dos afligidos,
dos sem tetos e abandonados, dos seres humanos sofridos,
dos que fazem de cama os duros concretos batidos!


Reflexão:

Existem grandes comunidades de moradores de rua, sem tetos e dependentes químicos, espalhados pelas cidades do mundo inteiro. E estão morando nas ruas, não porque eles querem estar debaixo do sofrimento, do abandono e da miséria. Eles estão nas ruas porque se perturbaram e tiveram experiências psicológicas dolorosas em algum momento de suas vidas, e isso os levaram a experimentar situações adversas e experiências maléficas, ao ponto de perderem o direcionamento certo em algum momento de suas vidas. Muitos desses moradores de rua já não se sentem capazes de se inserirem na sociedade como cidadãos trabalhadores, ativos e independentes. Uma das principais perdas que adquiriram ao morar na rua, é a confiança da sociedade, em lhes proporcionar trabalho e acolhimento. Os desvalidos da sociedade já não sabem mais como encontrar a luz e o equilíbrio de suas vidas. Então, usar a expressão que diz que “eles precisam querer se tratar para se curar” para só então receber o socorro e o tratamento, é uma forma da sociedade, civil e pública, se abster da responsabilidade social de ajudar, socorrer e lhes dar o tratamento necessário e preciso.


Rozilda Euzebio Costa

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Tempo & Passado (Pão torrado)

 



O passado foi uma cesta cheia de pães torrados,
já comidos e muito bem mastigados,
pelas bocas famintas dos dias arados,
e engolidos pelos tempos já avançados,
mas que ainda continuam sendo ruminados.

Oh, que triste, ruminar os pães velhos na cesta dos enganos,
depois de tantas ausências e tantos anos!
Que queres vós de mim, pensamentos cruéis e insanos?
Deem a volta, retornem aos seus abismos tiranos.

No cais das torturas e do abandono,
o olho do tempo cheio de plano,
sorri sem remorso com ar soberano,
e parte para o futuro com seu gesto desumano.

Lá, bem à frente, na estação dos sonhos,
outros dias famintos esperam com olhos risonhos,
o tempo que chegará com seus humores estranhos,
imprevisível, incalculável, cheio de surpresas, trazendo perdas ou ganhos.

Rozilda Euzebio Costa

O Caminhante

 


Atrás de um corajoso caminhante,
há outro ser que segue andante,
e à frente dele bem mais adiante,
há outro aventureiro viajante.

O que dizer dessa vida?
que requer do vivente muita lida,
puxa ele daqui em investida,
empurra ele dali em contrapartida!

A vida é atrevida e potente,
enfrenta o tempo e é persistente,
morde a dor e mostra o dente,
sorri mesmo sem estar contente.

O caminhante põe seus pés na estrada,
vai seguindo devagar ou em disparada,
se agarrando à coragem vislumbrada,
que não se deixa jamais ser castrada.

Coragem na vida do caminhante é tudo pra vencer!
ela não o deixa desistir e nem se abater,
cura seus pés feridos e não o deixa remeter,
dá a ele o pão do entusiasmo para lhe fortalecer.

Rozilda Euzebio Costa

Cinzas da vida

  Um homem de vida cinza e vazia, perdido em pensamentos que também estão cinzas, aqui estou eu na palidez da vida, olhando para esse tempo ...