sexta-feira, 2 de abril de 2021

Cristalinidades





Busco em teus olhos os cristais do universo,
mostra-me as estrelas em seus palacetes,
projetando seu brilho como diamantes.
Depois, me escreva um verso ou um reverso,
onde cada linha escrita que eu leia,
sejam linhas do teu corpo para eu trilhar,
com minhas vontades contidas e tímidas,
embaladas em pacotes de presente
com laços de fitas para lhe entregar.
Busco em teus olhos o cristal do tempo,
deixe-me ver o teu relógio escondido
guardado no bolso de teu casaco,
quero ver que horas ele está marcando,
não suporto mais pelo futuro esperar.
Acelere os ponteiros do tempo
para que possa logo te encontrar,
vamos tomar o primeiro trem para Saturno,
talvez o nosso castelo de pé ainda esteja lá.
E os campos de flores perfumadas,
que diante de nós parecem falar?!
Que estejam enfeitando todos os cenários,
do nosso encantado lugar.
Dois sois duas luas e um grande quasar,
no céu de Saturno podemos contemplar.
Cristalinidades vejo projetar de teu olhar,
fonte de luz que extirpa escuridões,
dias em que as tempestades sem coração,
o sol, não querem deixar brilhar.
Vem comigo nas asas do vento voar,
acima dos montes de Saturno vamos plainar,
como plainam as plumas dos Gansos do Reino,
sobre as auroras boreais nas madrugadas a brilhar.
E que ninguém, mas ninguém mesmo,
passe pela vida sem o amor encontrar.


Rozilda Euzebio Costa
02 de abril de 2021

quinta-feira, 1 de abril de 2021

Vielas

 


Pelas vielas da imaginação passa o pensamento reto,
passa o atrapalhado, o torto e o sem conserto.
Nestas vielas passa correndo o tempo,
vão horas quase apagadas e minutos descoloridos,
remendados como retalhos de memórias em preto e branco,
que vão sendo levadas pelas ventanias da ansiedade,
memórias às vezes ferozes, indomáveis e furiosas,
passando apressadas, vão procurando um tempo perdido.
Vai o homem carregando o seu céu pintado de azul anil,
numa velocidade que quase não deixa rastros.
E depois que se vai se perguntarem por ele,
todo mundo responde: ninguém o viu!
Alguém disse bem alto quase gritando:
abre os teus olhos! Bem à frente há um muro,
a dividir as nossas expectativas e sonhos!
Quem gritou? Quem gritou?!
Foi um andarilho perturbado dizendo anedotas.
Quem pode salvar o homem de seus terríveis enganos?
Insiste em perguntar repetidamente uma boca aberta faminta,
que ninguém consegue ver com olhos humanos,
mas ela devora sonhos e esperanças humanas.
Seria acaso aquele deserto da vida que vive em chamas,
que qualquer acontecimento novo e inusitado está cogitando?
E as vielas com seu grande trafego vão continuando,
em um vai e vem de coisas ligeiras e eufóricas,
a pressa de mãos dadas a elas vai ligeira.
Tem quem adentra por estas vielas e jamais volta,
e tem também quem não deseja caminhar por elas,
são desejos que permanecem em cima do muro,
acocorados contemplando o balançar das horas,
que no seu badalar vão ofertando suas doces ilusões.
Há ainda as expectativas embaladas para viagem,
repletas de abandono, pó e teias de aranha,
expostas nas vitrines dos olhos do sonhador,
que todos os dias imagina seus sonhos,
nos braços da esperança sendo acalentados,
e colocados no berço de ouro do tempo
para dormirem o sono da eternidade.

Rozilda Euzebio Costa
31 de março de 2021

Cinzas da vida

  Um homem de vida cinza e vazia, perdido em pensamentos que também estão cinzas, aqui estou eu na palidez da vida, olhando para esse tempo ...