sexta-feira, 12 de maio de 2023

A cadela Piaba e a Cascata das Madalenas

 


Haviam dois sítios importantes na Terra do Borogodó, em um deles tinha uma linda cascata, onde a cadela Piaba se esbaldava tomando banho e brincando de pega-pega com os pequenos repteis e aves que se aproximavam do lugar para beber água.

Haviam também duas Madalenas - a Madalena do Zé do Rincão, e a Madalena do Francisco Peruano.

Francisco era apelidado de “Peruano”, não porque era peruano, mas porque no sítio dele havia uma grande criação de perus. Ele era o maior fornecedor de peru daquela região na época do Natal. Se tornou conhecido como Francisco Peruano desde que o amigo Zé do Rincão o chamou assim pela primeira vez em tom de brincadeira numa rodada de cachaça artesanal fabricada em seu sítio.

A Cascata das Madalenas foi batizada com esse nome por Francisco Peruano quando seu amigo Zé comprou um sítio vizinho ao dele. Como a cascata estava dentro das terras de seu sítio, ele chamou o Zé e disse:

Olha Zé, a cascata é das nossas esposas, para elas tomarem banho com as crianças e lavar as roupas de casa lá. A partir de agora a cascata é delas, e se chamará, a Cascata das Madalenas! Ou seja, a cascata das nossas esposas.

Francisco falou em tom de satisfação em dividir a cascata de águas frescas com o amigo. Mas, onde entra Piaba nessa história? Calma lá, vamos à história de Piaba, a cadela mais legal que já existiu nas terras das Madalenas. A Piaba foi presenteada à Madalena do Zé do Rincão por uma sua tia de nome Catarina. Piaba nasceu em uma ninhada de 12 filhotes. Catarina pegou a cadelinha e deu para a Madalena do Zé do Rincão, e Madalena olhou para ela e disse – se chamará Piaba! – deu esse nome para o filhotinho, não porque ela se parecesse com um peixe, mas porque foi o primeiro nome que lhe veio à cabeça, talvez porque era um nome bastante conhecido de sua infância, Madalena do Zé havia comido muitas piabas fritas que sua mãe tinha o costume de fazer para a família nos almoços da casa nos finais de semana, daí comiam as piabas acompanhadas do arroz branquinho e do feijão pagão.

A cadela Piaba era danada demais! Corria atrás das vacas, dos porcos da fazenda e ainda assustava os passarinhos que se arriscavam a beliscar insetos próximo à casa. E bastava Madalena do Zé do Rincão pegar a bacia cheia de roupas para ir lavar na cascata, que a Piaba já se embrenhava feito uma maluca correndo na frente. Ia latindo com o gado pelo caminho e espantando as rolinhas e os coelhos silvestres.

Enquanto Madalena do Zé do Rincão passava na casa de Madalena do Francisco Peruano para irem juntas à cascata, a Piaba já estava era lá na cascata se refrescando nas águas e assustando os peixinhos! Era um tibungo atrás do outro! Acreditem quem quiser, mas ela subia na pedreira e pulava lá de cima na parte mais profunda das águas da cascata! A cadela Piaba parecia até gente, e tinha um entendimento extraordinário que ninguém jamais havia visto por aquelas regiões, só faltava mesmo era falar.

Dizem que por muito tempo a cadela Piaba viveu no sítio da Madalena e do Zé do Rincão, viu nascer os filhos do casal e eles foram crescendo com a companhia fiel de Piaba. Também foi companhia fiel das duas Madalenas, e quando partiu, deixou muitos herdeiros. Em cada sítio daquela região existiam filhos e netos da Piaba. Eles não eram tão espertos e inteligentes quanto ela, mas excelentes cães de companhia e muito confiáveis. Cadela como a Piaba, são cães raros.


Rozilda Euzebio Costa

quinta-feira, 11 de maio de 2023

Viagem à Terra Santa - Um turismo religioso datado de novembro de 2010

Viagem à Terra Santa 

Novembro / 2010

Relatos dessa experiência

Naquela manhã de novembro, o nosso voo fez um pouso tranquilo na cidade de Tel Aviv, em Israel, era o começo de uma emocionante experiência nos cenários religiosos propostos no pacote de viagem da TV Canção Nova.

Logo que chegamos no aeroporto, fomos para os procedimentos de entrada no controle de imigração. A guia brasileira alertou: - Mantenham-se tranquilos e procurem colaborar com a fiscalização. Eles provavelmente vão abrir as malas de vocês para averiguação de segurança antes de liberarem a entrada. - Mas quem disse que todos se manteriam serenos? Existem aqueles que se desesperam por nada, o medo lhes toma conta do semblante, e assim, uma de nossas colegas passou por uns perrengues, mas, felizmente foi liberada depois de quase 1 hora de perguntas e apresentação de documentos comprobatórios de origem etc.

Após passar pela imigração, já havia um ônibus nos esperando para nos levar até Nazareth, a cidade de Maria, mãe de Jesus. Lá, fomos acomodados em um hotel gigante, de mini banheiros, foi lá que vi uma banheira no box do chuveiro, e o banho só podia ser feito dentro da banheira, porque não existia outro espaço, eu ligava o chuveiro e ficava em pé dentro da banheira tomando a minha ducha, porque fiquei com receio de sentar na banheira.

Em Nazareth visitamos diversos pontos do turismo religioso, e um deles foi a "La Fontana di Maria", na verdade o lugar estava todo pichado, e eu fiquei pensando em tal situação - um ponto onde deveria ser bem cuidado, havia vandalismo e desrespeito à história que ele representava! - aquele monumento marcava o possível lugar onde no século em que viveu Maria, era uma fonte de verdade, onde brotava água e ela ia ali buscar água para beber e usar em seus afazeres domésticos. Podemos perceber que o desrespeito à história acontece em todos os lugares, existem sempre os vândalos com suas visões conturbadas e conflituosas, acham que danificando patrimônios históricos, estão reivindicando olhares e atenção. 

A caminho do Mar da Galileia, localizado no Distrito Norte de Israel, se pode ver uma diversa vegetação que vai mudando de coloração e aspecto. Também se pode ver paisagens distantes, cenários que os olhos podem ver de uma maneira mais global e fazer um apanhado maior de informações, como por exemplo, ver uma vila inteira de casas.


É incrível a percepção de como às vezes nos surpreendemos com a variação cenográfica de outros lugares e regiões, e até nos familiarizamos com as características das paisagens e das pessoas. Podemos ver que nem são tão diferentes assim o quanto pensamos ser. Há uma engenharia da natureza, colocando tudo em ordem nos lugares. É a função da natureza, estabelecer a ordem da vida em todos os lugares.
Os israelenses dão muita importância aos temperos em seus alimentos, são bem administrados em suas refeições, podemos sentir até uma certa semelhança com os temperos da comida mineira no Brasil. Eu realmente apreciei muito.
Em momento livre para uma caminhada pelas ruas de Nazareth, passei por vários comércios de condimentos e frutos.

Muitos dos temperos que vi expostos à venda nos comércios, não conheço e nem sei em quais alimentos são usados. Porém, achei interessante as cores vivas de alguns deles, e a forma em que estavam disponibilizados para a venda ao cliente. Certamente, cada um deles, tem seu sabor único e deixa os alimentos mais ao gosto da culinária israelense.

Olhando todos os cenários por onde passei, com a curiosidade de quem já conhecia algumas passagens bíblicas onde se faz referência a determinados lugares na Terra Santa, enquanto eu viajava olhando pela janela do ônibus, me vinham à mente algumas reflexões.

É importante não ficarmos apenas com as imagens sugeridas pela teoria nos escritos que recontam toda a história bíblica, ver de perto é a constatação do que foi lido.

É possível buscar comparações com a história, e assim compreender a plenitude de tudo aquilo que alguém um dia escreveu.

É possível ainda, sentir em alguns dos cenários bíblicos, uma emoção e também um sentimento de comoção por tudo que aconteceu nos séculos que Jesus viveu.

Em Belém da Judéia, pude ouvir do quarto do hotel, às 5:00h da madrugada, o Almuadém fazendo o chamado, anunciando em voz alta a partir da torre de uma mesquita, a hora da prece. Naquele momento, eu não sabia o que significava, depois a guia que falava em espanhol, explicou do que se tratava.
É interessante ver a quantidade de turistas que fazem o trajeto da Terra Santa, são grupos de países do mundo inteiro em busca de conhecimento e fortalecimento da fé.

Existe um ponto tenso quando se faz a peregrinação na Terra Santa, que é a travessia saindo de Israel e entrando na Palestina, onde fica localizada a cidade de Belém, região da Judeia. Na fronteira, já saindo de Jerusalém, mesmo estando no trajeto liberado para o turismo religioso, os ônibus precisam parar, os turistas são instruídos a não fazer movimentos bruscos e também devem manter seus passaportes erguidos para serem vistos pela fiscalização. No dois momentos em que passei por essa experiência, não senti medo, fiquei um pouco apreensiva, claro, porque era uma experiência nova para mim, e como a guia havia nos alertado, deveríamos manter uma postura tranquila, que tudo daria certo. Na passagem de retorno, foi um pouco mais tenso, havia um ônibus detido e os turistas estavam todos sendo retirados de dentro dele. Não sei o que aconteceu depois, porque o nosso ônibus foi liberado e entramos novamente em Jerusalém, Israel.
Outra coisa que achei interessante, foi ver um senhor já idoso e o seu burrinho branco. O bichinho estava com seu dono "trabalhando", sim, o dono do burrinho cobrava dos turistas, 1 dólar por cada flash. Esse era o seu trabalho, cobrar fotos dos turistas.
Já o cafezinho que nos serviram no restaurante, não seu se era uma particularidade do restaurante que almoçamos, mas o garçom veio oferendo a cortesia do cafezinho e eu aceitei, mas pensem numa xícara enorme cheeeinha de café! Ele fez isso em todas as mesas, e eu que pensava que os brasileiros eram as pessoas que mais gostavam de café! Mas não é bem assim.

Foram muitas particularidades vivenciadas nessa viagem, como as Missas celebradas em Capelas e Igrejas locais por padres brasileiros, pertencentes aos grupos turísticos, ele reservam os locais para a celebração das Missas, isso torna mais forte os sentimentos cristãos. Também em uma dessas Missas, houve a renovação de votos matrimoniais de muitos casais que desejaram realizar essa cerimônia na Terra Santa.

Uma dos momentos que achei magnifico, foi ver o por do sol do alto do Monte Tabor, descendo atrás das montanhas, enquanto uma vila inteira, lá em baixo, era banhada pelos raios do sol da tarde, se pondo no horizonte.

Numa breve reflexão, posso dizer que, nenhum problema pode ser maior do que a beleza de viver e de ver a vida que existe em todas coisas.
Rozilda Euzebio Costa

 

Dorinha

 

Como é gostoso falar de borboletas, vem à mente aquelas asas todas desenhadas e coloridas, são artes da mãe natureza que nos apresenta tanta beleza naqueles pares pequeninos de asas nas costas das lagartas, que já não são mais lagartas, porque sofreram a chamada metamorfose de suas existências.

_ Vejam só, não é Dorinha?! Aquela lagartinha no galho da cerejeira?! E não é que ela está comendo as folhas do galho?! Será que quando virar borboleta, suas asas serão cor de rosa, igual as flores da cerejeira?!

Eram tantos os questionamentos que brotavam da mente do louva-deus, pousado no galhinho da amoreira.

Borboletas são seres incríveis e vivem uma metamorfose espetacular, elas nascem em todas as estações do ano, e em números bem maiores no verão e na primavera.

Já ouviram falar que, onde existem flores existem borboletas? Elas adoram sobrevoar as flores.

Dorinha era uma borboleta linda que nasceu na primavera, e que também adorava pousar nas flores do Sr. Sasuke, um jardineiro japonês que cultivava um imenso jardim, repleto de flores de várias espécies. Ele plantava flores para poder contemplar as borboletas. Algumas delas até recebiam um nome dado por ele, e uma delas era justamente, a Dorinha!

O Sr. Sasuke, cujo significado de seu nome é "aquele que socorre", vivia socorrendo lagartas e borboletas pelo jardim. Ele não media esforços para preservar os casulos, somente para ter a felicidade de ver dezenas de borboletas voando e pousando sobre as flores.

Na vizinhança onde vivia o Sr. Sasuke, havia até quem dizia que ele era um tipo de mágico, daqueles que tiram as coisas de dentro de uma cartola, sabe? Mas ele não tirava coelhos, flores ou coisa do tipo, dizem que ele tirava borboletas de todas as cores e tamanhos. Mas não era nada disso! Ele era apenas um bom jardineiro que amava a natureza. Ele cuidava da Dorinha e das outras borboletas com muito carinho.

Dorinha, de tão acostumada com o Sr. Sasuke, até pousava na mão dele, num gesto de muita confiança.

A natureza reconhece a bondade dos seres humanos pela maneira como eles a tratam.

Rozilda Euzebio Costa

Cinzas da vida

  Um homem de vida cinza e vazia, perdido em pensamentos que também estão cinzas, aqui estou eu na palidez da vida, olhando para esse tempo ...