terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Xitão em... Um novo amigo

 


Para quem acompanhou a confusão que gerou as imaginações do peru Xitão, no continho - Xitão e Focus - sabe bem que o peru Xitão falava pelos cotovelos. Aliás, bem mais que isso, eu diria. Xitão tinha uma necessidade sulreal de interação, ele precisava estar sempre interagindo, conversando e contando papos, anedotas e outras firulinhas mais.

Depois daquela confusão toda na fazenda do Armando Dragão, com a suposição da venda da fazenda para comprar um novo fusca, que não passou de uma fértil imaginação, Xitão acalmou seus ânimos. A sua vida na fazenda começou a entrar num processo de rotina desgastante para um peru que gostava de estar sempre interagindo com todos os bichos. Xitão queria ir mais além das cercanias do quintal onde vivia, queria passear fora das divisas, ver novidades e conhecer outros bichos.

Certa vez, num dia bem cedinho, logo depois de uma chuva de milho no café da manhã lá no quintal, e de toda uma algazarra de bichos se fartando para começar a jornada, Xitão enxeu o papo e caiu na macega, fugiu da fazenda.

Xitão disse para si mesmo:
_ Chega de monotonia! Via Xitão! Via! Se movimenta cara! Vá conhecer outras paisagens por esse sertão afora! – e assim fez.

Xitão saiu muito depressa, mas tão depressa, que a sua carúncula vermelha se balançava de um lado para o outro sem parar. Na verdade ele não queria que ninguém interrompesse o seu sonho de conhecer novos horizontes, e por isso não queria que Focus ou Farinha ou o Melina visse ele fugindo e viesse dar palpites na sua decisão. Saiu da porteira para fora e desceu correndo ladeira abaixo por aquele estradão de chão comprido, naquele longíquo sertão. Lá, onde quem sabe, a sua geração passada talvez tivesse feito a mesma coisa que ele agora estava fazendo – fugindo, tentando encontrar novas razões para a sua existência de peru.

O peru Xitão correu quase a manhã inteira e já estava ficando sem forças, até que avistou um coelho. Era o coelho Nilo, um bom sujeito no mundo dos bichos. Nilo ao ver o estado de abatimento do peru Xitão, o convidou para um descanso em sua toca e para um lanchinho. Se bem que na toca do coelho só tinha mesmo era abóboras e umas migalhas de cenouras. Mas não importava, um peru com fome também come abóboras.

Quando Xitão entrou na toca de Nilo se surpreendeu grandemente, afinal, pensava ele – toca de coelho é bem pequena – não era o caso da toca de Nilo. Sua casa era uma toca grande, espaçosa e organizada. O peru comeu abóboras e começou a bater altos papos com o coelho Nilo.

Quando, de repente...

_ Olaaaá! Tem alguém em casa? Estou procurando um amigo chamado Xitão. Olaaaa! Os rastros dele terminam aqui. – gritava a voz na entrada da toca.

Xitão, lá de dentro ficou encabulado:
_ Não era possível, conheço essa fala! É do Focus! – disse.

O coelho Nilo e o peru Xitão voltaram os olhos na direção do buraco da toca. E não é que a fuça do cavalo Focus estava quase a cobrir toda a entrada da toca! Focus ao sentir falta do amigo Xitão, segiu seus rastros por aquela longa estrada, até ir parar na toca de Nilo. E lá o encontrou. O coelho Nilo e o peru Xitão sairam para fora da toca e foram conversar com Focus.

_ Ô Xitão, porque você fugiu de casa? Nós gostamos tanto de você! O galo Lambreta está num desespero só. Hoje passou a manhã inteira sem cantar. Até as piabas curiosas lá do lago estão tristes. Eu prometi a todos que levaria você de volta. – disse Focus.

Nesse momento, Nilo interferiu na conversa:
_ Sabe, Xitão, eu não tenho amigos e gostei muito de conhecer você. Queria que viesse me visitar mais vezes. Pode trazer seus amigos também. Aqui terá abóboras para todos. – Nilo disse.

Xitão ficou comovido, e virando-se na direção de Focus, disse:
_ Olha Focus, desculpe não ter falado nada, meu amigo. Estava com o peito angustiado e os olhos compridos com fome de horizonte. Você sabe o que esse sentimento? Essa necessidade de respirar ares abertos e ser livre? Todo bicho, de vez em quando tem que ver outras novidades e conhecer outros bichos também. Vamos voltar para casa. Estou pronto. E você Nilo, vem conhecer nossa trump, eles são muito legais. – convidou.

Nilo não pensou duas vezes, seguiu com Xitão e Focus rumo à fazenda do Armando Dragão, o homem que colecionava fuscas. Ao chegarem foram recebidos com muita alegria por todos os bichos, que já aguardavam ansiosos. Bom, as piabas descansaram o juizo e voltaram a sentir alegria ao saber que Xitão estava de volta.

Daquele dia em diante, periodicamente, Focus e Xitão organizavam tours com a bicharada para fora do quintal da fazenda. Nenhum bicho ali sofreu mais de estresse depois da fuga de Xitão.

Rozilda Euzebio Costa
19.12.2023

Xitão e Focus (Algazarra na fazenda)



Esse é um conto que não dá pra deixar de contar, porque pode ser até uma forma de provar que bicho tem suas próprias ideias e também pode falar entre eles, é claro! Mas o fato é que bicho também se comunica e tem rede de contatos.

Certa vez na fazenda de Armando Dragão surgiu a maior fofoca entre os bichos por causa de um novo fusca que apareceu por lá estacionado debaixo do pé de laranja. E quem começou toda essa discussão foi o peru Xitão. Pensa num peru que gostava de uma confusão! No entanto, tinha coisa que ele falava que fora da razão não estava. E um desses assuntos foi o tal fusca novo do Armando Dragão.

O tal Armando adorava fuscas e o sonho dele era mesmo ter uma frota, mas suas condições financeiras eram poucas para realizar esse sonho. Ele também tinha outras satisfações como, ter na fazenda o cavalo Focus, o peru Xitão, o galo Lambreta, o ganso Malvino etc... Ps. Na hora em que foi registrado essa foto o galo Lambreta estava cantando em outros quitais vizinhos. O bichinho era cantador e passeador também. E o ganso Malvino também estava pateando fora das cercas da fazenda.

Bom, mas voltando a falar do Xitão e seus falatórios, não é que ele descobriu que Armando Dragão tinha comprado um fusca novo! O próprio Xitão compreendeu isso quando viu mais um fusca no quintal com uma geringonça em cima. Ao notar teve logo um insite e correu no Focus para falar:

_ Hei, Focus, vem cá rápido! Você viu o novo fusca do Armando? – perguntou.

Focus também era esperto, mas nem tanto:

_ Xitão do céu! Será que o Armando vai nos levar embora daqui? Como é que ele vai pagar o novo fusca? Vendendo a gente, claro! – deduziu Focus.

_ Você acredita nisso Focus? Acha mesmo que um peru e um cavalo dá pra comprar um fusca? Você não sabe fazer cálculos, Focus. Certamente perdeu as aulas de matemática na escola. – disse o peru.

_ Tá me chamando de quê, Xitão? É claro que eu sei fazer cálculos. – Focus começou a se ofender.

_ Eu não estou querendo te ofender Focus. Eu só estou dizendo que um fusca daqueles pode custar muito dinheiro! Olha para o fusca, é novinho! – disse.

De repente, Armando Dragão começou a jogar malas em cima do fusca, e o peru, que de esperto tinha muito, disse logo:

_ Está vendo Focus, acho que o Armando Dragão vendeu foi a fazenda também, e com todos nós dentro dela. – deduziu Xitão, com assombro.

_ Xiii. E será que o galo Lambreta também foi vendido? Não. Não pode ser! Vamos procurar ele. Temos que saber dessa história direito. – disse o cavalo Focus.

Armando Dragão encheu o fusca com suas coisas, entrou dentro dele e foi passear na praia. Logo que sumiu na estrada a algazarra aumentou entre a bicharada da fazenda. Sairam correndo o cavalo, peru, ganso e outros bichos mais atrás do galo Lambreta. Tinham que encontrá-lo para ter a certeza de que ele não tinha sido vendido também, e já o haviam levado, ou quem sabe ele já tivesse ido parar numa panela, em cima de um fogão a lenha, temperado com corante de açafrão.

Depois de muito perambular, Focus avistou Lambreta de boa, conversando com o pato Farinha, batendo altos papos às margens de um pequeno lago. Tinha até platéia escutando a conversa dos dois. As piabas estavam todas boiando no lago para não perder o foco na conversa dos dois. E o sapo Fruli estava acocorado em cima de uma pedra com as orelhas voltadas para o galo Lambreta e o pato Farinha.

_ Lambreta! Até que em fim te encontramos! – gritou de longe o peru Xitão.
_ Mas eu não estava perdido! – respondeu Lambreta, com ar de desentendido.
_ É que achamos que você tinha também tinha sido vendido! Armando Dragão vendeu a fazenda e comprou um fusca e foi-se emobra. - disse o ganso Malvino.

A resposta veio logo:
_ Quanta imaginação! Alfredo Dragão não vendeu a fazenda, apenas comprou um fusca fiado, eu ouvi no dia que ele estava falando ao telefone com o gerente do banco dele sobre um empréstimo para comprar um novo fusca. – disse o galo Lambreta.

Todos os animais ali ficaram de boca aberta com a inteligência de Lambreta. Ele tinha entendido tudo. E como não é dado a fofocas ficou na sua, sem comentar com ninguém.

Lambreta deu uma lição nos bichos sobre não sair espalhando informações por suposições, porque as coisas podem ser muito diferentes do que a visão aponta nas imaginações.

Todos aqueles bichos voltaram mais tranquilos para suas rotinas na fazenda, enquanto Armando Dragão curtia seu passeio tranquilão.

Rozilda Euzebio Costa

domingo, 17 de dezembro de 2023

O verão de um beija-flor

 


Que luz é essa que traz calor e vem à vida acordar?
Que leveza é essa que até a alma de um beija-flor faz flutuar?
Não será o verão que já está chegando, meu amor?
Sente! Existe energia mais forte e mais quente?
Que faz a vida de lugares frios saltitar de alegria calorosamente,
Que leva sua luz para brilhar até em corações escuros e frios!
Sente este raio luminoso, cálido e envolvente,
Tocando de leve o corpo, abraçando a alma e alcançando a mente!
Deixando nela um sentimento de aconchego,
E de ser feliz uma vontade ardente,
Que força majestosa e imponente!
Que leva todo o reino da natureza a despertar!

É o verão, meu amor!
É o verão que acabou de chegar!

Deixe essa linda alma nascida livre os seus voos, voar,
Acima de vales, mares, montanhas e colinas,
Deixe que ela voe, deixe que alegre se vá,
Voando em comunhão com o tempo e com a natureza,
A favor dos ventos e da magia que existe no ar,
Com sua alma florida, feliz e perfumada,
Deixe que este beija-flor se vá,
E o seu mais puro amor deixe-o em música transformar,
Com as suas enérgicas canções harmonizar
Os elementos – Terra, Fogo, Água, e Ar.
Deixe esse pequeno sol com sua luz a muitos iluminar.
Mas, afinal, que tempo é esse tão fenomenal?

É o verão, meu amor!
É o verão que acabou de chegar!

Veja, lá, além dos altos montes e dos oceanos, além do mar,
Além das grandiosas e majestosas montanhas,
Bem mais além que as visões humanas podem olhar,
Há uma infinita e magnifica beleza,
Que destaca a vida revelando a sua grandeza.
E quanta vida emana dessa colossal estrutura!
Energia limpa se pode sentir, e ainda pura,
A música da natureza ali, ainda se pode ouvir.
Deixe que esse beija-flor inspirado e de sonhos nobres,
Com seus pensamentos jovens, dignos, e fortes,
Va com alegria essa beleza em suas canções revelar,
Deixe que novos ares ele vá respirar,
E em cada voo seu, novos e belos horizontes ele irá conquistar.

Rozilda Euzebio Costa

Cinzas da vida

  Um homem de vida cinza e vazia, perdido em pensamentos que também estão cinzas, aqui estou eu na palidez da vida, olhando para esse tempo ...