Chega uma fase da tua vida em que fazes um verdadeiro encontro contigo mesmo, é como se chegasses ao fim de um caminho e te deparasses com um espelho gigante à tua frente.
Tu te assustas, porque vê diante ti a tua própria pessoa, uma imagem que nunca havias reparado porque estavas ocupado demais com pequenos detalhes do teu mundo, do teu viver, das coisas que julgavas importantes demais para serem deixadas de lado.
Naquele instante de encontro contigo mesmo, de reconhecimento do teu próprio ser, tu descobres as faltas e excessos, as ausências e presenças da tua vida. E tu descobres que te falta tantas coisas! E entras em choque com os excessos de coisas supérfluas e sem nenhum valor que ao longo dos anos fostes acumulando na tua vida.
Começas então a fazer uma análise mais de perto, mais voltada a ti mesmo, e te apercebes de que algumas pessoas importantes que faziam malabarismos para que tu as visses, tu as deixastes partir por tua falta de atenção e sensibilidade. Todos partiram. Nada mais restam deles.
Ao mesmo tempo, vais de encontro à solidão que aperta o teu coração, deixando-o comprimido dentro do teu peito, ao ponto de tu pensares que ele irá explodir. Este aperto, é o sintoma de um remorso pelas presenças que não destes importância, pelos sorrisos que desprezastes, e pelas tantas vezes que não ouvistes as vozes daqueles que te ofereciam o melhor do que tinham para te dar; o melhor do amor que tinham, o melhor sentimento e o melhor sorriso.
E ainda, diante do espelho com que te deparastes naquele que parecia ser o fim do teu caminho, descobres que és um viajante solitário, perdido através dos labirintos de uma vida sem sentido. Te descobres mergulhado na frieza de uma solidão afiada como a espada de dois gumes, que corta a alma, deixando-a ferida e fragilizada.
Diante de um espelho que reflete não mais que a realidade de uma vida embasada em escolhas erradas, estradas enganosas, faces fingidas, e amizades contaminadas pela falta de amor e sensibilidade, tu te dás contas de que foste tu mesmo a deixar-te nestas circunstâncias dolorosas.
Nesta fase de reencontro com a descoberta da verdade e dos próprios enganos, o espelho da verdade te sugere o recomeço de um novo caminho. A partir de então, te tornas mais autêntico e fiel às necessidades reclamadas por tua alma. É quando te deparas com o teu verdadeiro "eu", com a tua personalidade real, afirmada nos princípios dos verdadeiros valores da vida.
Rozilda Euzebio Costa
13 de novembro de 2019
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