sexta-feira, 12 de outubro de 2018

Tu


Tu

Foi num dia farto de saudades perdidas, 
De um tempo qualquer que se foi,
Que tu chegaste sem avisar, 
Transformando-me a vida.
De mim tomaste conta, 
Sem sequer pedir licença,
Em meu coração fostes entrando, 
Sem marcar data de partida.
Chegaste assumindo em meu ser propriedade.
E como quem já é dono, 
Meu coração tu trancaste. 
Com chave que cópia não me destes, 
Com códigos que a mim nunca revelastes,
Para que eu não mais de ti me esquecesse,
Para que eu não mais de ti me afastasse.
Agora, chegas quando bem queres,
Partes quando não quero.
Fere-me com o frio de teu abandono, 
Mas me surpreende com o teu carinho, 
Quando de ti nada espero. 
Por vezes, tu me transportas para uma estação de risos. 
Até os pássaros de minhas árvores tu os deixas confundidos!
Já não sabem eles quando devem cantar melodias alegres
Para felicitar os meus ouvidos.
Já não sabem eles quando devem 
Os seus lamentos ecoarem.
As flores do meu jardim todas as manhãs eu as observo, 
Elas aguardam para ver da janela o meu olhar. 
Se feliz estou, 
Com cores e belezas diversas, elas se mostrarão. 
Mas se triste ele se mostrar, 
Também elas de tristeza se recolherão.
Naquele dia todo o jardim silenciará. 
Nem mesmo as borboletas voarão, 
E nenhuma flor desabrochando nenhum olho verá.

Rozilda Euzebio Costa

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