sábado, 2 de abril de 2022

Chico Serafim (o Bunitin)

 

Aqui nessa história se fala de Chico Serafim, apelidado de Bunitin! Porquê?! Ora, porque era considerado o caboclo mais bonito do Sertão de meu Deus, lá pelas bandas do Riacho da Égua!

O Bunitin era a sensação das moçoilas, das donzelas e até das mandrágoras selvagens da beira do Brejo do Sapo. Falar de Bunitin é resgatar toda a história do galã que ele foi em sua época de juventude, daqueles cabelos lambidos na testa a custa de azeite de mamona.

Todos os fins de tarde lá no Sertão do meu Deus, o galã Bunitin chegava da lida, pegava sua toalha dura de sujeira, pendurada no arame, feito carne de sol seca, e descia muito depressa para tomar o banho no rio e lavar as suas virilhas, tirar os grudes do sovaco para ficar cheiroso de noite na vendinha do Mané Farinha, onde sentava na mesa do terreiro, e debaixo da lua trigueira e prateada no céu, bebia sua cachaça de alambique, produzida artesanalmente por Pitolomeu, um fazendeiro vizinho, plantador de cana e dono do, Alambique Te Segura Senão Tu Cai. A cachaça era potência pura, e muito apreciada pelos moradores da região.
Por aquelas redondezas as moçoilas se engalfinhavam por causa de Bunitin! Tinha a Maria do Crochê, filha do Mané Farinha e de d. Leôncia, e a Liana, filha do Barnabé e da Mariquinha, que viviam de puxar os cabelos uma da outra por causa do sujeito. Diziam por lá que, as duas, viviam disputando qual delas se casaria com o galã Chico Serafim, o tal, “Bunitin”, o moreno de cabelos lambidos na testa e de canelas finas de dar dó. Aqueles olhos negros e grandões dele, dizia a Amélia, filha do Agripino e de d. Ema, eram a sensação das noites de festas no terreiro da vendinha do Mané Farinha.

Mas quiçá por qual razão, se foi o destino ou alguma simpatia feita por uma das moçoilas apaixonadas por Chico Serafim, ele se embrenhou nas matas e foi viver que nem bicho do mato, não escolheu nenhuma delas para se casar e formar com ele uma família. Bunitin foi viver solitário no meio da floresta. Teve até quem jurasse que ele se tornou o lendário Pai do Mato daquele lugar. Teve até caçador que nunca mais pisou os pés na floresta para caçar, com medo de Bunitin.

E assim, termina aqui essa história que muito foi contada lá nas bandas do Riacho da Égua, onde viveu por um certo tempo, o galã Bunitin, caboclo muito desejado, mas que deixou todas as moçoilas a ver navios para ir morar com os bichos do mato.


Rozilda Euzebio Costa
02/04/2022

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