_ Você
já viu Fefê? - perguntou o grilo Miúdo ao vizinho também grilo, Bambolê.
__Quê?
Não sei de quem se trata, nunca nem ouvi falar nessa tal Fefê! Quem é? Você
pode me dizer? - o amigo Bambolê, curioso que era, quis logo saber.
Então, o grilo Miúdo, o único que prestava atenção à rosa Fefê, começou a contar para Bambolê a história daquela rosa que ninguém prestava atenção, e nem faziam questão de ver.
_
Dizem, amigo Bambolê, que aquela rosa desde que nasceu, é desprezada por todo o
jardim, ninguém olha para ela, ninguém quer tê-la como amiga, e as poucas vidas
do jardim que a olham, fingem não ver a pobrezinha. Eu sou o único que às vezes
passa por lá e a cumprimenta. É triste ver a sua solidão.
_
Mas existe explicação para tamanha exclusão? - perguntou abismado, Bambolê.
_
Não. Não há nenhum motivo, pelo contrário, ela é até bonita, e faz tantas
coisas legais, mas ninguém a admira, é como se ela nem existisse nesse jardim.
Tem lagarta falando por aí que Fefê não pertence a este jardim, foi plantada
aqui por engano, pelo jardineiro Serafim, que distraído trouxe uma mudinha no
meio das flores azaleias. Ao começar a plantar as mudas, se deparou com o
galhinho dessa rosa, e no jardim de azaleias plantou. Desde então, ela está
sempre sozinha, e quando flora, só dá uma flor por vez. Fiquei curioso pra
saber, dessa floração de apenas uma rosa por vez. Daí, ela me explicou:
_
Ah grilo Miúdo, para viver triste e sem visibilidade, basta apenas uma rosa
para passar por esta aflição. Você não imagina o quanto é triste quando ninguém
nos presta atenção. Parece até que a gente vive em um deserto sem coração!
Embora cheio de outras vidas aqui neste jardim, ninguém me vê, ninguém olha
para mim...
Quanta tristeza se via naqueles olhos de flor! O grilo até chorou e prometeu às vidas do jardim questionar, mas ele não podia fazer muita coisa, as vidas do jardim eram orgulhosas demais para ouvir, da rosa alguma coisa ele falar.
Rozilda
Euzebio Costa
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