Nada é tão amargo e inquietante quanto a Verdade quando explode em meio às doces palavras da Mentira, enfeitada e maquiada para a representação de uma peça.
Quando a Verdade entra no palco, a Mentira escolhe bem depressa uma fala convincente para não perder a sua pose de majestade.
Mas a Mentira nunca terá força para enfrentar a Verdade, e quando a Verdade entra no palco, a Mentira é despida e apresentada a toda a plateia, que de horror, grita ferozmente – Fora daqui sua falsa! Você não engana mais ninguém! A tua esperteza se tornou a tua pedra de tropeço!
A Verdade amarga no início, mas no final se torna doce quanto o mais puro mel colhido nos jardins da natureza divina.
A Verdade é mais clara que as águas de uma fonte cristalina, é tão pura como o ar das alvoradas.
Não existe inocência em ações planejadas, o que existe é uma forma de trama que se comporta com esperteza para alcançar um alvo ou um objetivo.
Numa representatividade fabulosa podemos colocar no palco de um teatro dois atores inusitados, que, em cena, farão os seus papéis de forma quase convincente.
No palco cênico, uma Mariposa desejosa de luz e uma Raposa pronta para lhe prender debaixo de seus pés e satisfazer os seus desejos mais sórdidos.
Neste ato, a Mariposa que se mostra sensual, e ao mesmo tempo, frágil, vai colocando em ação os seus planos para ludibriar a Raposa e com isso alcançar a sua lâmpada mágica.
E por outro lado a Raposa que, maquiavélica e calculista, trama por muito tempo na surdina as suas ações para caçar e prender a Mariposa debaixo de suas patas e assim, dominá-la por completo, somente para chama-la de sua, elevando a sua imagem de Raposa esperta.
Existem tantas mentiras pérfidas se vestindo com as vestes da verdade que às vezes se torna difícil de saber quem é a Verdade e quem é a Mentira na história contada pelas bocas anunciantes.
Você olha para as cenas de um ato e se pergunta – Isso é realidade ou apenas arte representativa? É uma peça com atores ou um romance real no deserto?
Então aparecem de repente espectros cúmplices que dizem – Não! Não é uma realidade, é apenas uma miragem diante dos olhos do Mundo!
E o Mundo já amargado com tantos percalços, quase acredita na Mentira que tenta tomar o lugar da Verdade, mas o ser forte e invencível chamado de Bom Senso, vem e joga um balde de água gelada na cabeça do Mundo – Acorda! Acorda Mundo! A verdade é tão clara, não se deixe enganar!!
O Mundo já está tão mergulhado no mar das ilusões que precisa fazer muito esforço para decifrar os enigmas quase perfeitos elaborados pela pérfida Mentira, que visa ludibriar a Humanidade. Os olhos veem a Verdade, mas não acreditam nela de imediato, e a Verdade precisa fazer muito esforço para desmascarar a Mentira.
Pobre Verdade, que às vezes desmaia de horror diante de tanta Bestialidade que, dançando nos palcos do Mundo com sua sensualidade desprovida de bom senso e de caráter, vai representando um papel daquilo que nunca foi e jamais será.
Rozilda Euzebio Costa
20/07/2021
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