Outro dia eu estive observando um homem andarilho, acampado em uma barraca de lona que ele montou em um terreno baldio e cheio de lixo.
Observei que, dentro de sua pobreza extrema, ele tinha criatividade, havia montado alguns apetrechos que lhe eram úteis. Ele havia colocado em um apoio com tijolo e um pedaço de tábua, várias garrafas plásticas com água. Das poucas coisas que parecia ter, notei alguns copos plásticos e uma escova de lavar roupas.
Aquele homem havia colocado também algumas peças de roupa que ele lavou (não sei como, talvez nem sabão tivesse), para secar ao sol, penduradas em vários gravetos secos de árvore, que ele fincou no chão para estender as roupas que havia lavado.
Mas o que mais me chamou a atenção em toda a estrutura montada por ele naquele lugar sujo, foi um vaso de planta que ele tinha. Era uma muda de cajueiro, estava bem verde, e bem cuidada, e estava também em um lugar de destaque, mostrando a sua importância para ele. Uma cena que daria para escrever um livro, cujo título poderia ser “O homem e sua pequenina árvore”, Havia naquele senário um homem e uma árvore lutando pela vida.
Não sei o que se passava pela cabeça daquele homem, que história pudesse existir por traz de suas escolhas de vida, mas sei que existe uma razão somente sua, para ele estar vivendo daquela maneira.
Não me pareceu que ele tivesse problemas mentais, mas com certeza, talvez carregasse consigo muitas mágoas, decepções, erros e outros acontecimentos amargos, registrados em sua memória de experiências vividas.
O homem batalha pela sua sobrevivência no mundo, e é uma batalha que não pode parar, porque se ele para de lutar, tudo se acaba. O lema do homem no mundo se chama progresso. Ele precisa se construir positivamente, buscando sempre aperfeiçoar-se.
Quando o homem se cansa de lutar e se entrega à derrota, ele cai nas vias escuras de sua existência no mundo, sua alma perde a conexão com o caminho da eternidade universal, sua mente perde o interesse pela luta no mundo, e seu corpo, numa expressão de sua natureza humana de sobrevivência, passa a mendigar o alimento para se manter vivo.
Todos os dias milhares de homens perambulam pelas estradas do mundo, e de tantos sofrimentos, eles adormecem fragilizados pelas calçadas da vida.
Todos os dias um exército de homens vive no mundo sem saber por que ainda está vivendo. Seus passos vão de encontro a lugar nenhum, enquanto caminham pelas ruas sem nenhuma esperança no coração. É como se, anestesiados pelas consequências de seus grandes sofrimentos, seguissem nada mais que o ritmo de suas vidas vazias, nulas de sonhos, destroçadas pelas decepções e desilusões experimentadas nos dias passados.
Precisamos estar sempre buscando uma maneira de ver o mundo em que vivemos com um olhar de esperança, com uma visão mais otimista. Temos que acreditar em um futuro melhor e mais tranquilo, sem violência e sem fome. Sabemos que está se tornando cada vez mais difícil de essa visão se tornar uma realidade, porque o mundo está em estado constante de alarme, está no vermelho, mas não podemos desistir, nós somos uma civilização inteligente, capaz de reverter as situações atuais, mas para isso, se faz necessário cada um fazer a sua parte na construção do bem e na proteção à vida.
Rozilda Euzebio Costa
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