Daqui a pouco...
O tempo não espera pela mudança ou transformação de ninguém. O tempo vai, desgovernado, sem esperar pelas decisões humanas.
Daqui a pouco não se terá mais tempo de ser abraçado e beijado por aquela pessoa a quem se amou a vida inteira, porque a própria vida se finda em algum momento, e a morte é o único destino que não se pode mudar, porque ela é um fato na vida de todo ser que vive neste mundo.
Daqui a pouco já não existirão as possibilidades de se perceber que poderia ter dado um pouco mais de atenção para aquelas mensagens carinhosas recebidas, por aquele olhar mendigando um pouco de amor.
Daqui a pouco tudo se acaba, se finda, e não haverá mais tempo de ouvir aquela voz que tanto se desprezou, aquela face que tanto se evitou olhar, por falta de sensibilidade e amor.
Daqui a pouco já não se encontrará mais aqueles olhos pedintes que mendigavam amor, aquela pessoa que tanto se deu indiferença, sem saber que ela só queria um pouco de carinho e afeto.
Daqui a pouco será tarde demais para tentar enxergar o melhor que havia naqueles que durante a vida toda nos admiraram e nos amaram com toda a força que tinham em seu coração.
Daqui a pouco será o fim de tudo... dos sonhos de uma vida inteira.
E para muitas pessoas, daqui a pouco já não haverá mais primavera, nem verão, nem inverno, nem outono, porque o tempo levará delas, todas estas coisas.
Sim. É verdade. O tempo nos leva embora para algum lugar na invisibilidade de uma existência misteriosa, da qual nada sabemos ou conhecemos.
Daqui a pouco, todo o orgulho e toda vaidade, não terá sentido algum, porque se dissolverá, e restará apenas uma inquietude na alma.
Daqui a pouco, talvez ainda haja segundos de tempo para uma meditação e uma compreensão de que os valores deste mundo não são os mesmos valores da alma.
E talvez, ainda se encontre uma maneira de abrir os olhos, e de ser realmente alguém que encontre a capacidade de ver o outro, e de ouvir o aceno do outro que pede amor.
Rozilda Euzebio Costa
13 agosto de 2018
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