domingo, 12 de maio de 2019

Narcisismo, o mal do século



Nos tempos arcaicos Narciso se admirava nas águas de um lago, ficava horas e horas na admiração de seu próprio semblante. Enquanto que, nos tempos atuais, as pessoas se admiram diante de um celular, de uma câmera digital, por horas e horas, selfie após selfie, num enamoramento de si mesmas. As pessoas se admiram num lago de imagens refletidas através dos olhos de uma lente digital, que não reflete senão, a imagem faminta por atenção que está a admirar seus próprios reflexos.

Numa expectativa narcisista, todos esperam que tais reflexos próprios, atraiam do outro lado das redes virtuais que, outros olhos famintos lhes anunciem em alto e bom tom: você está lindo(a)! É a carência tão latente dos dias atuais, expondo a mísera solidão humana que corrói até as veias da alma que vive em constante busca de afirmação.

Talvez eu, você, e toda o resto da humanidade, sejamos mesmo feitos de uma constituição global de sentimentos, somos as tais poeiras estelares citadas pelos cientistas do espaço, compostas de uma mistura de quês e porquês, num fluido de matéria magnética, já que dentro de toda pessoa há uma estrela encarcerada pedindo para brilhar.

Ansiando por brilho, o ser humano confunde a liberdade com a necessidade. E falando uma língua considerada narcisista, porque fala por si mesmo com a intenção de ser ouvido e preenchido pela compreensão, o ser humano rasga o véu da razão, causando em si mesmo uma explosão de comportamentos na maioria das vezes pueris e desfocados.

Há uma falência de ponderação e firmeza nos pensamentos dos humanos dos tempos modernos, porque são na maioria passíveis de imediata mudança de decisão, são influenciáveis demais no que tange seus desejos e sonhos.

Há ainda uma facilidade em se transportar de um pensamento ao outro com a velocidade da luz. A firmeza e a constância de pensamentos não é um atributo próprio das últimas gerações. Todos estão sempre em busca de si mesmas, mas ao mesmo tempo, seguindo a direção dos reflexos de uma sociedade confusa e narcisista.

Há uma esperança para a auto ponderação e a autoafirmação humana dentro dos contextos sociais que são comprovadamente narcisistas? É um questionamento intrigante e descomunal, já que o ser humano está cada vez mais inserido na liberdade de se expressar sem nenhum pudor ou auto avaliação prévia, não existe um direcionamento que lhe impulsione a ir a busca do autoconhecimento e da compreensão de sua própria completude existencial.

Rozilda Euzebio Costa
12/05/2019


domingo, 5 de maio de 2019

É preciso conhecer

Ninguém pode julgar alguém sem nunca tê-lo visto de perto com os próprios olhos, sem nunca ter escutado suas palavras com os próprios ouvidos, e sem jamais ter conhecido a sua história de vida.

Cada pessoa olha para o seu próximo através de seu próprio ângulo, e nesta visão cada um vê a seu próprio modo.

Antes de julgar alguém impróprio para o seu convívio social, conheça, converse, ouça a sua história de vida, ouça a voz desta pessoa, olhe em seus olhos, e dê a ela a oportunidade de se apresentar e mostrar quem ela é de verdade.

Todos os dias desprezamos pessoas de grande valor por não darmos a elas a chance de se apresentarem e de mostrarem quem realmente são. 

E todos os dias, levando em consideração a indicação de terceiros mal intencionados, trazemos para o nosso meio social pessoas mascaradas de boas, pessoas que agem com grande má fé, e são realmente más.

Há um critério muito errado nas avaliações das pessoas - as aparências! - e como todos também sabem muito bem - as aparências enganam. 

As pessoas não trazem uma etiqueta na testa dizendo que são boas ou más, é preciso observá-las e conhecê-las, é preciso estar atento às suas amizades, ao seu comportamento diante de situações que lhes exijam solidariedade e fraternidade. Porque uma pessoa que não se move para levantar uma criança que cai e se machuca, ou, que não estende o seu braço para ajudar um idoso a atravessar uma rua movimentada, esta é realmente uma pessoa que não vale a pena ter por perto, pessoas assim não nos fazem bem.

As pessoas são como as árvores, é necessário conhecer suas raízes. Algumas possuem raízes muito rasas e frágeis, outras, possuem raízes envenenadas, enquanto uma boa parcela delas possuem um raiz saudável e forte. É preciso fazer um bom reconhecimento das qualidades do ser humano assim como se faz ao reconhecer uma árvore de bons frutos e raiz forte.


Rozilda Euzebio Costa 
05 de maio de 2019

Observância, poesia de Rozilda Euzebio Costa

Aqui enquanto eu escrevo, as gaivotas voam Estão voando serelepes por todos os lugares Elas grasnam o tempo todo sem nenhuma causa Algumas d...