segunda-feira, 15 de janeiro de 2024

Cinzas da vida

 


Um homem de vida cinza e vazia,
perdido em pensamentos
que também estão cinzas,
aqui estou eu na palidez da vida,
olhando para esse tempo presente
que permanece tão contundente,
e longe de tudo que um dia foi alegria.

O que foi feito daqueles dias,
de façanhas e glórias,
de vinhos e música,
de certezas e eternidades
e de tanta cumplicidade
que agora são apenas memórias frias?

Onde está a felicidade,
que em outros tempos
me abraçou com vontade
e me beijou tantas vezes
com tanta fidelidade?

Oh cinza sem alma e cruel,
que tingiu o meu tempo,
e ainda me serve taças de fel!
Aponte-me meus erros
para que eu possa me redimir,
e merecer um caminho para o céu.


Rozilda Euzebio Costa

terça-feira, 19 de dezembro de 2023

Xitão em... Um novo amigo

 


Para quem acompanhou a confusão que gerou as imaginações do peru Xitão, no continho - Xitão e Focus - sabe bem que o peru Xitão falava pelos cotovelos. Aliás, bem mais que isso, eu diria. Xitão tinha uma necessidade sulreal de interação, ele precisava estar sempre interagindo, conversando e contando papos, anedotas e outras firulinhas mais.

Depois daquela confusão toda na fazenda do Armando Dragão, com a suposição da venda da fazenda para comprar um novo fusca, que não passou de uma fértil imaginação, Xitão acalmou seus ânimos. A sua vida na fazenda começou a entrar num processo de rotina desgastante para um peru que gostava de estar sempre interagindo com todos os bichos. Xitão queria ir mais além das cercanias do quintal onde vivia, queria passear fora das divisas, ver novidades e conhecer outros bichos.

Certa vez, num dia bem cedinho, logo depois de uma chuva de milho no café da manhã lá no quintal, e de toda uma algazarra de bichos se fartando para começar a jornada, Xitão enxeu o papo e caiu na macega, fugiu da fazenda.

Xitão disse para si mesmo:
_ Chega de monotonia! Via Xitão! Via! Se movimenta cara! Vá conhecer outras paisagens por esse sertão afora! – e assim fez.

Xitão saiu muito depressa, mas tão depressa, que a sua carúncula vermelha se balançava de um lado para o outro sem parar. Na verdade ele não queria que ninguém interrompesse o seu sonho de conhecer novos horizontes, e por isso não queria que Focus ou Farinha ou o Melina visse ele fugindo e viesse dar palpites na sua decisão. Saiu da porteira para fora e desceu correndo ladeira abaixo por aquele estradão de chão comprido, naquele longíquo sertão. Lá, onde quem sabe, a sua geração passada talvez tivesse feito a mesma coisa que ele agora estava fazendo – fugindo, tentando encontrar novas razões para a sua existência de peru.

O peru Xitão correu quase a manhã inteira e já estava ficando sem forças, até que avistou um coelho. Era o coelho Nilo, um bom sujeito no mundo dos bichos. Nilo ao ver o estado de abatimento do peru Xitão, o convidou para um descanso em sua toca e para um lanchinho. Se bem que na toca do coelho só tinha mesmo era abóboras e umas migalhas de cenouras. Mas não importava, um peru com fome também come abóboras.

Quando Xitão entrou na toca de Nilo se surpreendeu grandemente, afinal, pensava ele – toca de coelho é bem pequena – não era o caso da toca de Nilo. Sua casa era uma toca grande, espaçosa e organizada. O peru comeu abóboras e começou a bater altos papos com o coelho Nilo.

Quando, de repente...

_ Olaaaá! Tem alguém em casa? Estou procurando um amigo chamado Xitão. Olaaaa! Os rastros dele terminam aqui. – gritava a voz na entrada da toca.

Xitão, lá de dentro ficou encabulado:
_ Não era possível, conheço essa fala! É do Focus! – disse.

O coelho Nilo e o peru Xitão voltaram os olhos na direção do buraco da toca. E não é que a fuça do cavalo Focus estava quase a cobrir toda a entrada da toca! Focus ao sentir falta do amigo Xitão, segiu seus rastros por aquela longa estrada, até ir parar na toca de Nilo. E lá o encontrou. O coelho Nilo e o peru Xitão sairam para fora da toca e foram conversar com Focus.

_ Ô Xitão, porque você fugiu de casa? Nós gostamos tanto de você! O galo Lambreta está num desespero só. Hoje passou a manhã inteira sem cantar. Até as piabas curiosas lá do lago estão tristes. Eu prometi a todos que levaria você de volta. – disse Focus.

Nesse momento, Nilo interferiu na conversa:
_ Sabe, Xitão, eu não tenho amigos e gostei muito de conhecer você. Queria que viesse me visitar mais vezes. Pode trazer seus amigos também. Aqui terá abóboras para todos. – Nilo disse.

Xitão ficou comovido, e virando-se na direção de Focus, disse:
_ Olha Focus, desculpe não ter falado nada, meu amigo. Estava com o peito angustiado e os olhos compridos com fome de horizonte. Você sabe o que esse sentimento? Essa necessidade de respirar ares abertos e ser livre? Todo bicho, de vez em quando tem que ver outras novidades e conhecer outros bichos também. Vamos voltar para casa. Estou pronto. E você Nilo, vem conhecer nossa trump, eles são muito legais. – convidou.

Nilo não pensou duas vezes, seguiu com Xitão e Focus rumo à fazenda do Armando Dragão, o homem que colecionava fuscas. Ao chegarem foram recebidos com muita alegria por todos os bichos, que já aguardavam ansiosos. Bom, as piabas descansaram o juizo e voltaram a sentir alegria ao saber que Xitão estava de volta.

Daquele dia em diante, periodicamente, Focus e Xitão organizavam tours com a bicharada para fora do quintal da fazenda. Nenhum bicho ali sofreu mais de estresse depois da fuga de Xitão.

Rozilda Euzebio Costa
19.12.2023

Xitão e Focus (Algazarra na fazenda)



Esse é um conto que não dá pra deixar de contar, porque pode ser até uma forma de provar que bicho tem suas próprias ideias e também pode falar entre eles, é claro! Mas o fato é que bicho também se comunica e tem rede de contatos.

Certa vez na fazenda de Armando Dragão surgiu a maior fofoca entre os bichos por causa de um novo fusca que apareceu por lá estacionado debaixo do pé de laranja. E quem começou toda essa discussão foi o peru Xitão. Pensa num peru que gostava de uma confusão! No entanto, tinha coisa que ele falava que fora da razão não estava. E um desses assuntos foi o tal fusca novo do Armando Dragão.

O tal Armando adorava fuscas e o sonho dele era mesmo ter uma frota, mas suas condições financeiras eram poucas para realizar esse sonho. Ele também tinha outras satisfações como, ter na fazenda o cavalo Focus, o peru Xitão, o galo Lambreta, o ganso Malvino etc... Ps. Na hora em que foi registrado essa foto o galo Lambreta estava cantando em outros quitais vizinhos. O bichinho era cantador e passeador também. E o ganso Malvino também estava pateando fora das cercas da fazenda.

Bom, mas voltando a falar do Xitão e seus falatórios, não é que ele descobriu que Armando Dragão tinha comprado um fusca novo! O próprio Xitão compreendeu isso quando viu mais um fusca no quintal com uma geringonça em cima. Ao notar teve logo um insite e correu no Focus para falar:

_ Hei, Focus, vem cá rápido! Você viu o novo fusca do Armando? – perguntou.

Focus também era esperto, mas nem tanto:

_ Xitão do céu! Será que o Armando vai nos levar embora daqui? Como é que ele vai pagar o novo fusca? Vendendo a gente, claro! – deduziu Focus.

_ Você acredita nisso Focus? Acha mesmo que um peru e um cavalo dá pra comprar um fusca? Você não sabe fazer cálculos, Focus. Certamente perdeu as aulas de matemática na escola. – disse o peru.

_ Tá me chamando de quê, Xitão? É claro que eu sei fazer cálculos. – Focus começou a se ofender.

_ Eu não estou querendo te ofender Focus. Eu só estou dizendo que um fusca daqueles pode custar muito dinheiro! Olha para o fusca, é novinho! – disse.

De repente, Armando Dragão começou a jogar malas em cima do fusca, e o peru, que de esperto tinha muito, disse logo:

_ Está vendo Focus, acho que o Armando Dragão vendeu foi a fazenda também, e com todos nós dentro dela. – deduziu Xitão, com assombro.

_ Xiii. E será que o galo Lambreta também foi vendido? Não. Não pode ser! Vamos procurar ele. Temos que saber dessa história direito. – disse o cavalo Focus.

Armando Dragão encheu o fusca com suas coisas, entrou dentro dele e foi passear na praia. Logo que sumiu na estrada a algazarra aumentou entre a bicharada da fazenda. Sairam correndo o cavalo, peru, ganso e outros bichos mais atrás do galo Lambreta. Tinham que encontrá-lo para ter a certeza de que ele não tinha sido vendido também, e já o haviam levado, ou quem sabe ele já tivesse ido parar numa panela, em cima de um fogão a lenha, temperado com corante de açafrão.

Depois de muito perambular, Focus avistou Lambreta de boa, conversando com o pato Farinha, batendo altos papos às margens de um pequeno lago. Tinha até platéia escutando a conversa dos dois. As piabas estavam todas boiando no lago para não perder o foco na conversa dos dois. E o sapo Fruli estava acocorado em cima de uma pedra com as orelhas voltadas para o galo Lambreta e o pato Farinha.

_ Lambreta! Até que em fim te encontramos! – gritou de longe o peru Xitão.
_ Mas eu não estava perdido! – respondeu Lambreta, com ar de desentendido.
_ É que achamos que você tinha também tinha sido vendido! Armando Dragão vendeu a fazenda e comprou um fusca e foi-se emobra. - disse o ganso Malvino.

A resposta veio logo:
_ Quanta imaginação! Alfredo Dragão não vendeu a fazenda, apenas comprou um fusca fiado, eu ouvi no dia que ele estava falando ao telefone com o gerente do banco dele sobre um empréstimo para comprar um novo fusca. – disse o galo Lambreta.

Todos os animais ali ficaram de boca aberta com a inteligência de Lambreta. Ele tinha entendido tudo. E como não é dado a fofocas ficou na sua, sem comentar com ninguém.

Lambreta deu uma lição nos bichos sobre não sair espalhando informações por suposições, porque as coisas podem ser muito diferentes do que a visão aponta nas imaginações.

Todos aqueles bichos voltaram mais tranquilos para suas rotinas na fazenda, enquanto Armando Dragão curtia seu passeio tranquilão.

Rozilda Euzebio Costa

domingo, 17 de dezembro de 2023

O verão de um beija-flor

 


Que luz é essa que traz calor e vem à vida acordar?
Que leveza é essa que até a alma de um beija-flor faz flutuar?
Não será o verão que já está chegando, meu amor?
Sente! Existe energia mais forte e mais quente?
Que faz a vida de lugares frios saltitar de alegria calorosamente,
Que leva sua luz para brilhar até em corações escuros e frios!
Sente este raio luminoso, cálido e envolvente,
Tocando de leve o corpo, abraçando a alma e alcançando a mente!
Deixando nela um sentimento de aconchego,
E de ser feliz uma vontade ardente,
Que força majestosa e imponente!
Que leva todo o reino da natureza a despertar!

É o verão, meu amor!
É o verão que acabou de chegar!

Deixe essa linda alma nascida livre os seus voos, voar,
Acima de vales, mares, montanhas e colinas,
Deixe que ela voe, deixe que alegre se vá,
Voando em comunhão com o tempo e com a natureza,
A favor dos ventos e da magia que existe no ar,
Com sua alma florida, feliz e perfumada,
Deixe que este beija-flor se vá,
E o seu mais puro amor deixe-o em música transformar,
Com as suas enérgicas canções harmonizar
Os elementos – Terra, Fogo, Água, e Ar.
Deixe esse pequeno sol com sua luz a muitos iluminar.
Mas, afinal, que tempo é esse tão fenomenal?

É o verão, meu amor!
É o verão que acabou de chegar!

Veja, lá, além dos altos montes e dos oceanos, além do mar,
Além das grandiosas e majestosas montanhas,
Bem mais além que as visões humanas podem olhar,
Há uma infinita e magnifica beleza,
Que destaca a vida revelando a sua grandeza.
E quanta vida emana dessa colossal estrutura!
Energia limpa se pode sentir, e ainda pura,
A música da natureza ali, ainda se pode ouvir.
Deixe que esse beija-flor inspirado e de sonhos nobres,
Com seus pensamentos jovens, dignos, e fortes,
Va com alegria essa beleza em suas canções revelar,
Deixe que novos ares ele vá respirar,
E em cada voo seu, novos e belos horizontes ele irá conquistar.

Rozilda Euzebio Costa

quarta-feira, 15 de novembro de 2023

Meu Enrico (Rozilda Euzebio Costa)



Você chegou lindo e no momento justo do tempo
Com suas vinhas e seu cavalo branco perfeito
Me surpreendeu com a sua chegada sem eu esperar
Ao te ver pela primeira vez até levei um susto
Não pensava mais ser possível me apaixonar
Mas você foi tão encantador com o seu jeito

Se aproximou de mim como um verdadeiro príncipe
Gentil, um cavalheiro muito educado,
Com olhos brilhantes de quem enxerga distante
Lindo! Você foi esculpido pelas mãos de Deus
Os céus te escolheu para mim porque você é importante
Meu coração por você está apaixonado

Com você tudo flui sereno e naturalmente
Você é meu namorado e meu anjo protetor
Nossos diálogos possuem consonância e afinidade
Adoramos viajar pelo mundo e conhecer outros cenários
Você é uma nova enciclopédia que aprendo de verdade
Como você é inteligente meu doce amor!

Rozilda Euzebio Costa
15.11.2023

sexta-feira, 28 de julho de 2023

O Menino

 


O menino tinha um sonho - queria ver o mar, mas quando seus olhos o mar alcançou, ele também viu um barco, e novamente o menino sonhou - e desejou ser marinheiro. E o tempo passou com suas estações, e o menino, um marinheiro se tornou. Agora já não era mais um menino, era um jovem ainda sonhador. De viagem em viagem, o jovem novas coisas contemplou. E num belo dia de sol, o jovem em terras estrangeiras, seu navio aportou. E lá, numa noite estrelada o jovem assistiu a um energético show. A linguagem do rock sua alma conquistou. Novamente, o jovem muito forte sonhou. Não quis mais ser marinheiro, a música o seu coração inteiro tomou. Agora, aquele jovem, uma guitarra desejou, e o seu navio, aos seus superiores entregou. Correu ao comércio mais próximo, e mais que depressa, a sua guitarra comprou. Porque sonho, minha gente, tem validade, se demora muito pra correr atrás dele, ele vence o prazo. O jovem aprendeu a tocar, e num excelente músico ele se transformou. Passou a tocar suas músicas e cantar como quem, seu verdadeiro trabalho encontrou... Mas até quando? Se todo homem é feito de sonhos que mudam o tempo inteiro?! Certamente o jovem guitarrista sonhará outros sonhos na sua vida de construtor. É isso! O homem é construtor a vida inteira. É o que lhe renova a vida e o torna um vencedor.

Rozilda Euzebio Costa

sábado, 8 de julho de 2023

Os Abandonados da Sociedade

 

Pelas bonitas e importantes ruas de flores,
perambulam fracos e mal vestidos senhores,
com sede e sem teto, sentindo fome e dores.
Sem esperança de futuro e sem amores,
das latas de lixo se tornam frequentes consumidores.

Que cena mais caótica de tanta tristeza!
Quanto abandono e quanta pobreza,
nos pobres a perambular entre os diamantes da nobreza,
diante dos olhos cegos das figuras da riqueza,
que não enxergam senão o que lhes dá prazer e proeza!

Anciãos de barbas brancas como o algodão,
deambulam de roupas velhas e sem ambição,
pedem aos transeuntes apenas um pouco de pão,
sob a luz do sol que brilha para todos em comunhão,
e dá seu exemplo de partilha sem fazer distinção.

Oh quinhão da vida, devorador de tantos desvalidos,
dos vultos viventes no mundo que são esquecidos,
amparados pelas árvores-mães adotivas dos afligidos,
dos sem tetos e abandonados, dos seres humanos sofridos,
dos que fazem de cama os duros concretos batidos!


Reflexão:

Existem grandes comunidades de moradores de rua, sem tetos e dependentes químicos, espalhados pelas cidades do mundo inteiro. E estão morando nas ruas, não porque eles querem estar debaixo do sofrimento, do abandono e da miséria. Eles estão nas ruas porque se perturbaram e tiveram experiências psicológicas dolorosas em algum momento de suas vidas, e isso os levaram a experimentar situações adversas e experiências maléficas, ao ponto de perderem o direcionamento certo em algum momento de suas vidas. Muitos desses moradores de rua já não se sentem capazes de se inserirem na sociedade como cidadãos trabalhadores, ativos e independentes. Uma das principais perdas que adquiriram ao morar na rua, é a confiança da sociedade, em lhes proporcionar trabalho e acolhimento. Os desvalidos da sociedade já não sabem mais como encontrar a luz e o equilíbrio de suas vidas. Então, usar a expressão que diz que “eles precisam querer se tratar para se curar” para só então receber o socorro e o tratamento, é uma forma da sociedade, civil e pública, se abster da responsabilidade social de ajudar, socorrer e lhes dar o tratamento necessário e preciso.


Rozilda Euzebio Costa

sexta-feira, 7 de julho de 2023

Tempo & Passado (Pão torrado)

 



O passado foi uma cesta cheia de pães torrados,
já comidos e muito bem mastigados,
pelas bocas famintas dos dias arados,
e engolidos pelos tempos já avançados,
mas que ainda continuam sendo ruminados.

Oh, que triste, ruminar os pães velhos na cesta dos enganos,
depois de tantas ausências e tantos anos!
Que queres vós de mim, pensamentos cruéis e insanos?
Deem a volta, retornem aos seus abismos tiranos.

No cais das torturas e do abandono,
o olho do tempo cheio de plano,
sorri sem remorso com ar soberano,
e parte para o futuro com seu gesto desumano.

Lá, bem à frente, na estação dos sonhos,
outros dias famintos esperam com olhos risonhos,
o tempo que chegará com seus humores estranhos,
imprevisível, incalculável, cheio de surpresas, trazendo perdas ou ganhos.

Rozilda Euzebio Costa

O Caminhante

 


Atrás de um corajoso caminhante,
há outro ser que segue andante,
e à frente dele bem mais adiante,
há outro aventureiro viajante.

O que dizer dessa vida?
que requer do vivente muita lida,
puxa ele daqui em investida,
empurra ele dali em contrapartida!

A vida é atrevida e potente,
enfrenta o tempo e é persistente,
morde a dor e mostra o dente,
sorri mesmo sem estar contente.

O caminhante põe seus pés na estrada,
vai seguindo devagar ou em disparada,
se agarrando à coragem vislumbrada,
que não se deixa jamais ser castrada.

Coragem na vida do caminhante é tudo pra vencer!
ela não o deixa desistir e nem se abater,
cura seus pés feridos e não o deixa remeter,
dá a ele o pão do entusiasmo para lhe fortalecer.

Rozilda Euzebio Costa

domingo, 4 de junho de 2023

Prof. José Francisco da Silva Concesso / Biografia



Biografia

Créditos: Zacarias Martins / Cleber Toledo

Nascido em Rio Espera, em Minas Gerais, Concesso chegou a Araguaína em meados de 1966. Na cidade foi diretor regional da Secretaria Estadual da Educação e vice-diretor de faculdade. Também foi professor de latim, direito, teologia e escritor. Além de Araguaína, teve passagens por Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Lagoa Santa, Itália, Espanha e Cuba.

Em 2017, em substanciosa matéria jornalística, Concesso foi apontado como o escritor mais importante do Tocantins pelo “Mapa Literário”, da revista Super Interessante, da Editora Abril, que fez um levantamento minucioso sobre os principais escritores de cada Estado da Federação.


A seleção de autores destaque em cada Estado baseou-se em número de prêmios ganhos, participações em Academia de Letras de suas respectivas federações, cobrança nos vestibulares locais, número de traduções para línguas estrangeiras e se o autor é reconhecido por sintetizar a identidade de cada Estado, não sendo determinante seu local de nascimento.
José Francisco da Silva Concesso, nasceu em Rio Espera/MG no dia 9 de março de 1936 e fez lá seus primeiros estudos no Grupo Escolar Major Miranda.

Estudou
• Ginásio no Seminário de Burnier, distrito de Ouro Preto/MG;
• Filosofia na Fundação Universidade Federal de São João del Rei/MG;
• Teologia em Roma, Italia na Pontifícia Universidade Gregoriana;
• Técnico em Enfermagem em Roma na Ordem de Malta;
• Letras na Universidade de Valença em Valença/RJ; Direito na Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais;
• Gerontologia na Universidade Federal do Tocantins;
• Tradução na ETIMIG, Belo Horizonte/MG.

Especializou-se
• Em Leprologia em Fontilles na Espanha;
• Em Espanhol na Universidad de La Habana, Havana, Cuba;
• Em Educação na Universidade Federal de Goiás;
Exerceu os seguintes cargos
• Capelão da Aeronáutica no Parque de Aeronáutico de Lagos Santa/MG;
• Diretor do Instituto São Marcos em Esteves, Município de Valença/RJ;
• Diretor da FACILA- Faculdade de Educação Ciências e Letras de Araguaína;
• Pároco em Araguaína/TO;
• Professor de Latim na UNITINS, campus de Araguaína/TO;
• Vice-Diretor da Faculdade Católica Dom Orione em Araguaína/TO;
• Professor de Direito Canônico na Faculdade Católica Dom Orione.

Dados Literários

MEMBRO EFETIVO DAS ACADEMIAS DE LETRAS
• ATL – Academia Tocantinense de Letras em Palmas/TO;
• ACLGR – Academia Cordisburguense de Letras Guimarães Rosa em Cordisburgo/MG.
• ACALANTO – Academia de Letras de Araguaína.

MEMBRO CORRESPONDENTE
• AGL – Academia Gurupiense de Letras de Gurupi/TO;
• AIL – Academia Imperatriziense de Letras, Imperatriz/MA;

CRIOU AS ACADEMIAS DE LETRAS
• Academia de Letras de Araguaína e Norte Tocantinense -ACALANTO, em Araguaína-TO.
• Academia de Letras Mirim de Araguaína – ALMA, em Araguaína-TO.
• Academia de Letras Juvenil de Araguaína- ALJUVA, em Araguaína-TO.

PUBLICOU OS LIVROS
• LATIM primeiros passos;
• Data Venia;
• Meu Primeiro Picolé;
• Casaletto Spartano;
• Educação de Balaio;
• Análise Sintética para Estudantes de Latim.

PARTICIPOU DAS ANTOLOGIAS, REVISTAS E
PRÊMIOS LITERÁRIOS
• 11º Premio Missões, Igaçaba produções;
• Antologia Lafaiete em Prosa e Verso;
• Revista da Academia Tocantinense de Letras;
• Coletânea Acalanto (coautoria);
• Anuário de Poetas e Escritores do Tocantins, 2017;
• Acalanto em Prosa e Verso, 2012.

LIVROS NO PRELO
• Abandonado na Abissfnia (romance);
• Colégio Santa Cruz (história);
• Como Construir um Livro (Didático);
• Orionitas nas Missões de Goiás (história);
• Exportando Minas (Guia Turístico);
• Dr. Murilo Vilela (crônicas biográficas);
• Oferecendo Anzóis (Políticas Públicas);
• Trem de Mineiro (Crônicas e contos);
• Um Dedo de Prosa (Contos);
• Memórias de Um Vigário da Roça (Crônicas);
• Uma Gota por Dia (autoajuda);
• Engenharia Literária (Didático);
• A Confusão das Cumbucas (crônicas);
• Meu Primeiro Lápis (Crônicas);

TRADUZIU ENTRE DOCUMENTOS OFICIAIS DOS IDIOMAS
Italiano, Francês, Espanhol e Latim. É o único tradutor de Latim do Estado do Tocantins.
COMUNICA-SE NOS SEGUINTES IDIOMAS
Italiano; Francês; Inglês; Espanhol e Latim.
VIAJOU por dezessete países e estudou em três: Itália, Espanha e Cuba.

sexta-feira, 12 de maio de 2023

A cadela Piaba e a Cascata das Madalenas

 


Haviam dois sítios importantes na Terra do Borogodó, em um deles tinha uma linda cascata, onde a cadela Piaba se esbaldava tomando banho e brincando de pega-pega com os pequenos repteis e aves que se aproximavam do lugar para beber água.

Haviam também duas Madalenas - a Madalena do Zé do Rincão, e a Madalena do Francisco Peruano.

Francisco era apelidado de “Peruano”, não porque era peruano, mas porque no sítio dele havia uma grande criação de perus. Ele era o maior fornecedor de peru daquela região na época do Natal. Se tornou conhecido como Francisco Peruano desde que o amigo Zé do Rincão o chamou assim pela primeira vez em tom de brincadeira numa rodada de cachaça artesanal fabricada em seu sítio.

A Cascata das Madalenas foi batizada com esse nome por Francisco Peruano quando seu amigo Zé comprou um sítio vizinho ao dele. Como a cascata estava dentro das terras de seu sítio, ele chamou o Zé e disse:

Olha Zé, a cascata é das nossas esposas, para elas tomarem banho com as crianças e lavar as roupas de casa lá. A partir de agora a cascata é delas, e se chamará, a Cascata das Madalenas! Ou seja, a cascata das nossas esposas.

Francisco falou em tom de satisfação em dividir a cascata de águas frescas com o amigo. Mas, onde entra Piaba nessa história? Calma lá, vamos à história de Piaba, a cadela mais legal que já existiu nas terras das Madalenas. A Piaba foi presenteada à Madalena do Zé do Rincão por uma sua tia de nome Catarina. Piaba nasceu em uma ninhada de 12 filhotes. Catarina pegou a cadelinha e deu para a Madalena do Zé do Rincão, e Madalena olhou para ela e disse – se chamará Piaba! – deu esse nome para o filhotinho, não porque ela se parecesse com um peixe, mas porque foi o primeiro nome que lhe veio à cabeça, talvez porque era um nome bastante conhecido de sua infância, Madalena do Zé havia comido muitas piabas fritas que sua mãe tinha o costume de fazer para a família nos almoços da casa nos finais de semana, daí comiam as piabas acompanhadas do arroz branquinho e do feijão pagão.

A cadela Piaba era danada demais! Corria atrás das vacas, dos porcos da fazenda e ainda assustava os passarinhos que se arriscavam a beliscar insetos próximo à casa. E bastava Madalena do Zé do Rincão pegar a bacia cheia de roupas para ir lavar na cascata, que a Piaba já se embrenhava feito uma maluca correndo na frente. Ia latindo com o gado pelo caminho e espantando as rolinhas e os coelhos silvestres.

Enquanto Madalena do Zé do Rincão passava na casa de Madalena do Francisco Peruano para irem juntas à cascata, a Piaba já estava era lá na cascata se refrescando nas águas e assustando os peixinhos! Era um tibungo atrás do outro! Acreditem quem quiser, mas ela subia na pedreira e pulava lá de cima na parte mais profunda das águas da cascata! A cadela Piaba parecia até gente, e tinha um entendimento extraordinário que ninguém jamais havia visto por aquelas regiões, só faltava mesmo era falar.

Dizem que por muito tempo a cadela Piaba viveu no sítio da Madalena e do Zé do Rincão, viu nascer os filhos do casal e eles foram crescendo com a companhia fiel de Piaba. Também foi companhia fiel das duas Madalenas, e quando partiu, deixou muitos herdeiros. Em cada sítio daquela região existiam filhos e netos da Piaba. Eles não eram tão espertos e inteligentes quanto ela, mas excelentes cães de companhia e muito confiáveis. Cadela como a Piaba, são cães raros.


Rozilda Euzebio Costa

Cinzas da vida

  Um homem de vida cinza e vazia, perdido em pensamentos que também estão cinzas, aqui estou eu na palidez da vida, olhando para esse tempo ...