A cadela Piaba e a Cascata das Madalenas



Haviam dois sítios importantes na Terra do Borogodó, em um deles tinha uma linda cascata, onde a cadela Piaba se esbaldava tomando banho e brincando de pega-pega com os pequenos repteis e aves que se aproximavam do lugar para beber água.

Haviam também duas Madalenas - a Madalena do Zé do Rincão, e a Madalena do Francisco Peruano.

Francisco era apelidado de “Peruano”, não porque era peruano, mas porque no sítio dele havia uma grande criação de perus. Ele era o maior fornecedor de peru daquela região na época do Natal. Se tornou conhecido como Francisco Peruano desde que o amigo Zé do Rincão o chamou assim pela primeira vez em tom de brincadeira numa rodada de cachaça artesanal fabricada em seu sítio.

A Cascata das Madalenas foi batizada com esse nome por Francisco Peruano quando seu amigo Zé comprou um sítio vizinho ao dele. Como a cascata estava dentro das terras de seu sítio, ele chamou o Zé e disse:

_ Olha Zé, a cascata é das nossas esposas, para elas tomarem banho com as crianças e lavar as roupas de casa lá. A partir de agora a cascata é delas, e se chamará, a Cascata das Madalenas! Ou seja, a cascata das nossas esposas.

Francisco falou em tom de satisfação em dividir a cascata de águas frescas com o amigo. Mas, onde entra Piaba nessa história? Calma lá, vamos à história de Piaba, a cadela mais legal que já existiu nas terras das Madalenas. A Piaba foi presenteada à Madalena do Zé do Rincão por uma sua tia de nome Catarina. Piaba nasceu em uma ninhada de 12 filhotes. Catarina pegou a cadelinha e deu para a Madalena do Zé do Rincão, e Madalena olhou para ela e disse – se chamará Piaba! – deu esse nome para o filhotinho, não porque ela se parecesse com um peixe, mas porque foi o primeiro nome que lhe veio à cabeça, talvez porque era um nome bastante conhecido de sua infância, Madalena do Zé havia comido muitas piabas fritas que sua mãe tinha o costume de fazer para a família nos almoços da casa nos finais de semana, daí comiam as piabas acompanhadas do arroz branquinho e do feijão pagão.

A cadela Piaba era danada demais! Corria atrás das vacas, dos porcos da fazenda e ainda assustava os passarinhos que se arriscavam a beliscar insetos próximo à casa. E bastava Madalena do Zé do Rincão pegar a bacia cheia de roupas para ir lavar na cascata, que a Piaba já se embrenhava feito uma maluca correndo na frente. Ia latindo com o gado pelo caminho e espantando as rolinhas e os coelhos silvestres.

Enquanto Madalena do Zé do Rincão passava na casa de Madalena do Francisco Peruano para irem juntas à cascata, a Piaba já estava era lá na cascata se refrescando nas águas e assustando os peixinhos! Era um tibungo atrás do outro! Acreditem quem quiser, mas ela subia na pedreira e pulava lá de cima na parte mais profunda das águas da cascata! A cadela Piaba parecia até gente, e tinha um entendimento extraordinário que ninguém jamais havia visto por aquelas regiões, só faltava mesmo era falar.

Dizem que por muito tempo a cadela Piaba viveu no sítio da Madalena e do Zé do Rincão, viu nascer os filhos do casal e eles foram crescendo com a companhia fiel de Piaba. Também foi companhia fiel das duas Madalenas, e quando partiu, deixou muitos herdeiros. Em cada sítio daquela região existiam filhos e netos da Piaba. Eles não eram tão espertos e inteligentes quanto ela, mas excelentes cães de companhia e muito confiáveis. Cadela como a Piaba, são cães raros.


Rozilda Euzebio Costa

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