Eu não sei se isso acontece somente comigo, ou se é um sentimento próprio de toda a natureza humana. Ou mesmo, quem sabe, seja sintoma do tempo pesando sobre a minha cabeça... É que às vezes eu me sinto cansada de tudo. E este cansaço ofusca a minha capacidade de entusiasmar-me e de desejar o contínuo sonho com coisas que parecem não chegar nunca. Quanto mais caminho na direção dos meus sonhos mas eles parecem se distanciarem de mim... Então eu penso nas fadigas da existencialidade humana e me pergunto - qual o sentido de todas estas coisas? - eu sei que ninguém saberá me responder satisfatoriamente, porque o meu campo de visão e de análise é bem diferente, é exclusivamente fruto da minha visão.
O fato é que ninguém está na pele de ninguém, e qualquer um que for dar uma opinião sobre, irá opinar com a visão que tem da própria vida, de sua realidade e do lugar onde se encontra. É como diz aquele velho dito popular, "Cada um sabe onde o sapato aperta", e todos desconhecem aonde estão localizados os calos que doem no pé dos outros.
E, a partir deste ângulo de visão em que me encontro nesta atualidade, no agora, eu vejo aproximarem-se as festas de fim de ano mais uma vez, e, ao que posso ver, nada mudou, nada mesmo! Todos, ou quase todos ainda carregam uma esperança malabarista, que parece caminhar nas cordas bambas do circo dessa vida que habita o coração humano. É uma vida que não quer nada mais do que encontrar a própria felicidade que, talvez, por um golpe de sorte chegará para encher de sol, de flor e de perfume o coração já bastante judiado pelas intempéries de uma existência carregada de desafios e de lutas constantes pela própria sobrevivência.
Se eu olho muito na direção da realidade que os dias me mostram, eu realmente perco o entusiasmo. Me vem ao coração um sentimento de angústia e de desconforto, porque me sinto como uma planta de raízes frágeis e quase soltas, sobrevivendo por um fio, dentro de um vaso no qual já não sinto mais as boas energias e o alimento que me fortalecerá, que me fará florir na primavera dos dias que se apresentam diante de mim a cada nascer de sol.
E eu novamente me questiono - será que existirá esperança para uma planta que parece murchar e perder o seu viço a cada dia que passa? - é uma pergunta que me deixa ainda mais em situação de desânimo e desconforto, pois não encontro aquele socorro que tanto preciso, aquela mão que se estenderá em minha direção e me levará para onde poderei receber novos impulsos e novas energias, para que as minhas raízes encontrem os nutrientes necessários para revigorar-se e novamente se encher de frutos saudáveis, vivendo uma vida feliz.
Atualmente, posso dizer que nem mesmo o canto dos pássaros tem me deixado entusiasmada, porque vejo que até mesmo eles estão vivendo suas vidas em um desequilíbrio angustiante. Eles vivem em meio aos perigos das cidades, disputando as sobras de alimentos humanos descartados pelas ruas e em grandes lixões que levam a natureza a um desajuste, provocando nela uma constante transformação destrutiva. São cenários que se apresentam de forma assustadora, decadente e triste de se ver.
A verdade é que eu não sei dizer ao certo se tenho pensado demais sobre os desajustes humanos, ou se a humanidade não tem pensado muito sobre isso, e apenas caminha na direção de um caos eminente.
Embora tentemos camuflar a realidade, a humanidade tem provocado muitas coisas que a levará para um caminho sem volta, pois o planeta não é um vestido que, ao manchar ou rasgar-se, poderemos substituí-lo por outro mais novo e mais bonito. Tudo na vida se desgasta de acordo com a frequência do uso que lhe fazemos, mas se usarmos com cuidado um vestido, por exemplo, este tende a durar muito mais tempo. Com a Terra não é diferente, e a maneira com que a usamos é que irá definir o tempo de sua existência e de sua duração.
Talvez as angústias que eu sinta estejam relacionadas ao meu muito pensar sobre as coisas da vida e sobre a existencialidade humana, com os seus equívocos derivados de uma visão disturbada do mundo e das práticas não saudáveis para a alma e sua essência dentro do campo existencial.
Rozilda Euzebio Costa
23/12/2019